Os órgãos reguladores de todo o mundo demonstram crescente preocupação com a pressão sobre os bancos centrais. Segundo a presidente do BCE, Christine Lagarde, a influência política sobre essas instituições tem se intensificado em alguns países, o que pode comprometer sua capacidade de controlar a inflação.

Lagarde ressaltou que, embora a independência formal dos bancos centrais permaneça intacta, sua autonomia na prática enfrenta desafios. Ela destacou que, apesar de pesquisas recentes indicarem que a independência de jure nunca foi tão forte quanto agora, há sinais claros de que essa condição está sendo contestada em diversas partes do mundo.

A presidente do BCE também destacou que a pressão política persistente cria um “círculo vicioso”, aumentando a volatilidade das taxas de câmbio, dos rendimentos dos títulos e dos prêmios de risco. Isso, por sua vez, dificulta o combate à inflação. Além disso, essa situação pode minar a confiança do público e intensificar a instabilidade econômica.

Jean Boivin, diretor do BlackRock Investment Institute, acrescentou que a independência dos bancos centrais não é algo garantido. Ele acredita que manter a liberdade regulatória está se tornando cada vez mais difícil, especialmente “em um cenário em que temos de lidar com a inflação em um nível de dívida tão alto”.

Comentários recentes do atual presidente dos EUA, Donald Trump, pedindo que a Reserva Federal reduza os custos dos empréstimos, evidenciam a crescente interferência política na política monetária. Embora suas declarações possam parecer retóricas, elas não devem ser subestimadas.