Yuan enfrenta pressões com futuras políticas comerciais dos EUA
A moeda chinesa está enfrentando um grande desafio: o yuan terá de lidar com as políticas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump. De acordo com a CNBC, as autoridades chinesas estão trabalhando para conter o enfraquecimento da moeda. Em meio a esse cenário, bancos de investimento globais projetam que o yuan alcance níveis recordes de baixa, principalmente devido à ameaça de tarifas abrangentes feitas por Trump.
Conforme reportado pela CNBC, os principais bancos de investimento e empresas de análise preveem que o yuan offshore pode se desvalorizar para 7,51 por dólar americano até o final de 2025. Especialistas da LSEG indicam que esse seria o nível mais baixo do yuan desde o início dos registros em 2004. Além disso, estrategistas cambiais estimam que o yuan precisaria atingir 8,42 por dólar para neutralizar totalmente o impacto de tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses. Desde a eleição presidencial dos EUA, o yuan offshore já recuou mais de 2%. Em 28 de novembro, foi negociado perto de 7,2514 por dólar.
Os recentes comentários de Trump intensificaram a pressão sobre o yuan. Ele anunciou planos de impor uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações chinesas. Durante sua campanha, o republicano também prometeu tarifas ainda maiores, de 60% ou mais, sobre os produtos chineses. Essas tarifas não apenas reduzem a competitividade das exportações chinesas, mas também aumentam a pressão inflacionária na China, levando o governo a permitir uma desvalorização do yuan para preservar a competitividade no mercado global.
Enquanto as previsões indicam um enfraquecimento contínuo do yuan, especialistas como Zhu Wang, estrategista de moedas do BNP Paribas, alertam que a incerteza atual é significativamente maior do que durante o primeiro mandato de Trump. Ele destaca que a crescente ameaça de tarifas e o desequilíbrio comercial entre China e EUA não podem ser ignorados. Wang prevê que Pequim adotará medidas anticíclicas, como estímulos fiscais e monetários, para mitigar uma desvalorização excessiva da moeda.
Esse cenário remonta ao período de 2018-2019, durante o primeiro mandato de Trump, quando o yuan sofreu uma desvalorização de 5%, seguida de uma queda adicional de 1,5%, em meio à escalada das tensões comerciais entre Washington e Pequim. Foi nesse período que a primeira rodada de tarifas dos EUA sobre produtos chineses foi implementada.
Atualmente, as autoridades chinesas controlam rigorosamente o valor do yuan no mercado doméstico, estabelecendo uma taxa de câmbio diária que permite uma flutuação de até 2% em relação à faixa definida. Fora do país, o yuan offshore, negociado em mercados internacionais e mais suscetível às dinâmicas de oferta e demanda globais, reflete com maior intensidade as pressões econômicas e políticas externas.
Embora o yuan enfrente desafios consideráveis, sua trajetória dependerá não apenas da postura de Trump, mas também das medidas tomadas por Pequim para equilibrar a pressão externa com a estabilidade interna. O futuro da moeda terá implicações profundas, tanto para o sistema financeiro global quanto para as relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.